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Atacama de Kombi - E foi dada a largada

Desta vez acordei cedo, consegui ganhar do Paulo. Fui comprar pão e frios. Parecia um Uruguaio, saí de casa com o chimarrão e a térmica. Este dia estava destinado as formigas, ao sair de casa piso em um formigueiro, mais adiante perto do mercado quase piso em outro, e ao voltar para casa vejo que a mesa está tomada de formigas.
Vendo aquilo veio um "mini-flashback", abre parênteses - na casa do meu tio, Ari, acordamos com o aspirador de pó ligado a toda. Ele estava aspirando formigas, mais parecia um tamanduá, coisa muito doida. Depois de ter passado todo o stress noturno fiquei sabendo que aquilo era uma "correição". As formigas se agrupam em uma grande bola e vão girando ao sabor do vento e quando param em alguma coisa se espalham para dizimar o que estiver no seu raio de alcance. – Fecha parênteses.
No nosso caso não era uma correição, mas sim um monte daquelas bem pequenas que vem atrás do açúcar. O dia estava reservado para o inusitado, coisas estranhas aconteciam direto. Estava sentado olhando para a rua quando vejo um João de Barro escorregar no poste e bater com o bico valendo. Nunca tinha visto um passarinho se perder desta maneira, ainda mais um João de Barro.
Não sei se é o fato de trabalhar com máquinas, ou se tenho um parafuso a menos (o que eu não duvido), mas as máquinas tem sentimentos. Você tem que tratar as máquinas com carinho e não aos pontapés, a Kombi por exemplo para que as luzes de ré acendam é necessário engatar a marcha da forma mais macia possível. Se tiver pressa para engrenar as luzes não ligam. Sei que tudo tem explicação mecânica, mas prefiro pensar que as máquinas possuem sentimentos, e que devem ser respeitadas em alguns pontos. Mãe do céu eu sou doido...
Está na hora de pegarmos a estrada para parar de pensar em merda e fazer algo de útil. Dirigir por exemplo. E pelo visto eu ia dirigir muito, pois o Paulo assumiu a cozinha e me passou a sua cota de direção o que aceitei numa boa, afinal gosto de dirigir e neste caso em especial nem se fala. Antes de sairmos de viagem tínhamos que colocar os cintos, e quem disse que nós conseguimos. Não achava nem o lugar para por os parafusos, então colocamos tudo dentro da Furgoneta e seguimos para a mecânica. Mas antes de sair da casa uma anotação fundamental, 10060, essa era a kilometragem inicial da Kombi. Se contarmos que de Gramado até Cidreira tem 180 kilometros. O início real seria 9880 kilometros. Mas contaremos os 10060. Agora sim vamos sair, primeiro fomos até o mecânico para acertar os cintos de segurança, chegando lá até eles demoraram um pouco para achar o lugar certo, vinte minutos depois saímos rumo a Santa Maria. Antes de sair paramos em um lugar perto da praia para molharmos o pé no Atlântico. Agora sim podíamos seguir viagem.
Rumamos a Tramandaí, depois seguimos em direção a Free-Way, chegamos em Porto Alegre e pegamos a BR 290 até a BR 392, mas no meio do caminho o meu co-piloto, Gustavo, se perdeu nas entradas e fomos em direção a Guaíba.
Visto que estávamos na rota errada, voltamos e entramos na rota certa. A viagem até a entrada para a BR 392 foi uma tranqüilidade só, retas e mais retas. Asfalto de boa qualidade, pista bem sinalizada, e a chuva não deixava a Kombi esquentar o motor e nem o ambiente interno. Para não dizer que tudo são flores a BR 392 não estava tão boa assim. A estrada começou a apresentar alguns buracos, ainda dava para andar a uma "velocidade de cruzeiro" (para a Kombi 80 km/h). Mas se estivéssemos passando a noite certamente teríamos problema. Os buracos me acompanharam até Santa Maria e na entrada da cidade estava o pai de todos, tive que baixar para uns 20 ou 30 km/h para passar por ele.
Foi nesta cidade, talvez por não ter parado em outra, queencontramos uma coisa que até então não conhecia. Uma máquinade água quente para chimarrão. Depois deste posto todos tinham,agora não sei se nunca reparei ou se realmente os postos para as bandas da capital não tem mesmo essa máquina. É claro enchemos a térmica. Pensando melhor, não sei porque me espanteitanto com a tal máquina, a Márcia já havia me dito que íamos encontrar isso pelo caminho. Turista é fogo!
Tenho por mim que o nome da cidade foi dado por um homem, tirem da mente o pensamento machista, creio que a situação para nomear a cidade era mais ou menos essa:
Todas as autoridades reunidas no centro da cidade pensando que nome dar a esta cidade? "Um nome de peso!", fala um mais alto. Todos seguem pensando. Enquanto todos estão intertidos em seus pensamentos as pessoas da cidade passam por eles, mulheres, crianças, idosos. Nisso chega um forasteiro em uma carroça toda fechada, para a alguns metros das autoridades, desce olhando para o chão para ver onde iria pisar. Se põe de pé de forma imponente, olha para os lados e fala alto: "Santa Maria, quanta mulher bonita!". Tamanho foi o espanto do forasteiro que as autoridades resolveram utilizar parte de seu espanto para dar nome a cidade. Batizaram sua querida cidade, partindo daquele momento, de "Santa Maria". Brincadeiras a parte, volto a narrativa.
Pois bem, depois de tomar uma térmica, tempo suficiente para ter este devaneio que guardei para mim, tínhamos agora que achar um lugar para dormir. Pedimos para um dos frentistas um local para poder estacionar a Kombi e montar as barracas para passar a noite, ele nos recomendou um local ali perto que vendia gás. Vini e eu fomos até lá para ver se era possível. O responsável podia ter sido mais conciso em sua negativa e ter dito somente "Capaz!". Voltamos ao posto. O Vini com suas emoções a flor da pele pelo fato de ter passado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) queria ir na Universidade da cidade, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) seguimos para lá. Um belo local, muito bem cuidado e grande, puta merda como é grande o campus de Santa Maria. Nossa cara de pau neste momento foi enorme, fomos pedir para os vigias se era possível nós acamparmos em algum lugar do campus. De momento não houve negativas, só troca de patentes. Pediram para falar com o seu superior que ficava em outra guarita mais adiante, é claro fomos em peso até lá. Falamos com o responsável, que sem "titubear" disse que sim, e completou que podíamos passar na casa do estudante para tomar um banho, comentou que o refeitório já estava fechado e local com comida só no posto 24 horas, resumindo, só não montou o acampamento para nós porque tinha que ficar na guarita. Foto de colaboração! 
Nos dirigimos até a casa do estudante, um banho de chuveiro seria motivo para um marco nesta jornada. Paramos a Kombi, Gustavo e Vini saíram como dois cães perdigueiros em busca dos banheiros. Em menos de 3 minutos voltaram com a notícia que tinha um banheiro comunitário a cada andar do prédio. No mesmo tempo que deram a notícia já saíram para o banho. Dei um tempo, estiquei o corpo e tranqüilamente fui em busca de um chuveiro vago. Santa Maria! O que seria do homem sem a água quente! Além da sujeira, porque o banho no lago foi só para tapear, parece que tinha tirado uma tonelada das costas. Agora sim estava pronto para agüentar qualquer coisa que pudesse acontecer.
Depois de todos tomarem os seus banhos e se recompor, fomos em busca de um local para acampar. Nos dirigimos para o parque que tem no campus, andamos um bom bocado até nos deparamos com um galpão vazio, vazio até aquele momento. Local com teto, chão seco, banco, banheiro próximo, na nossa situação um luxo só! Paulo começou a fazer a comida e o resto do pessoal se encarregou de arrumar o lugar para comer e dar uma geral na Kombi. Como o lugar não tinha luz, de tempos em tempos tínhamos que ligar a possante para que a bateria não morre-se. Depois de comer tomamos um vinho e Vini se atracou no violão. Naquela noite Raul Seixas foi o mais tocado, talvez pela situação que se assemelhava, talvez pelo fato do Vini saber todas as músicas dele, talvez pelo fato de ser sem dúvida um dos melhores compositores que o Brasil teve. Posso passar linhas e linhas achando motivos para o Raulzito ter dominado a noite.
Cansado por ter dirigido quase o dia inteiro + comida no bucho + vinho = sono. Peguei o saco de dormir e apaguei. Apaguei por alguns minutos, porque depois que o pessoal todo foi dormir e as luzes da Kombi foram desligadas, o menor a mais chato animal do planeta veio nos visitar. A quantidade de mosquitos era algo. Nem o repelente mais forte da terra dava conta, digo isso pois parecia que estava em uma piscina de repelente, mas não adiantava. O negócio foi se acostumar e dormir, ainda bem que o banho foi revigorante.

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