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Atacama de Kombi - A empreitada

Sempre tive uma vontade de sair de viagem, longa de preferência, para algum lugar estranho. Aproximadamente três ou quatro anos antes da partida dessa viagem, eu e mais três pessoas planejávamos ir para o Deserto do Atacama. A coisa era muito mais ousada, iríamos tentar patrocínio com a FIAT, que estava lançando o Dobló no mercado (esse era o carro que pretendíamos utilizar), tentamos conseguir patrocínio com mais meio mundo, Kodak, Sony, VIVO, enfim, várias empresas que topassem pagar a nossa viagem. Pois naquele tempo já não tinha dinheiro para viajar.
O tempo passou e a idéia foi morrendo e os participantes desistindo. Até que caiu por completo no esquecimento. Tínhamos tudo em mente, a rota, kilometragem que seria percorrida, pontos turísticos que iríamos passar, objetivos pessoais, objetivos para os patrocinadores. Toda essa organização não valeu de nada.
Tal foi minha surpresa quando Gustavo Führ me convida para ir ao Deserto do Atacama e detalhe em uma Kombi, dias após o convite ocorre a primeira reunião para explicar sobre o que se tratava tal convite.
Soube nesta reunião que os cabeças da idéia são, em ordem, Gustavo Führ e Valdoir Pedro Wathier (popular Delon). Gustavo com as pirações de sempre: sair de viagem, fazer coisas inusitadas, vagar sem destino e Delon, pelo que acredito com um pouco de incerteza, era a mente por trás da idéia, mas doido o suficiente para aceitar as indiadas. Pois bem, os dois, sozinhos, escolheram a equipe, bolaram a rota e o objetivo, que era muito simples, conhecer o Deserto do Atacama e molhar o pé no Pacífico.
O grupo formado por eles era o seguinte: Felipe Roloff (Negron), Vinicius Prinstrop (Vini), Ronaldo dos Reis (Ronaldão), Alexandra Tedesco (Ale), e a pedidos do Gustavo, eu. Pelo que soube o Delon não era muito a favor que a minha pessoa entrasse no grupo, pelo simples fato (dito pessoalmente) de não gostar muito de mim. Até hoje não entendo qual o motivo, mas tudo bem.
Na primeira reunião, que participei, estávamos sem a presença de Alexandra, filmamos tudo para que ela soubesse o que estava acontecendo e para conhecer os integrantes da equipe. Decidimos a rota, o que iríamos fazer e o que não podíamos deixar de fazer. A princípio iríamos colocar dia a dia na internet o diário de bordo, carregar imagens e viajar muito em algumas partes. Decidimos também que o motorista não poderia beber, e isso era lei, decidimos que iríamos dividir as tarefas, e que era bom que alguém tivesse conhecimento de mecânica e primeiros socorros, que pelo menos uma pessoa soubesse cozinhar (o que me prontifiquei), que um seria responsável pela rota a seguir.
Todos concordavam em uma coisa, tirando o Delon é claro, é que poderia ser um problema levar uma mulher junto. Gustavo sempre repetia que não queria nem saber, que sempre que desse iria "atirar pedra das pombas do Delon". Depois de ponderar e dialogar aceitamos a Ale no grupo e o que tivesse que acontecer que acontecesse. Outras reuniões aconteceram, mas participei de poucas, só fui mais assíduo no final. Nestas reuniões que foram acontecendo, pelo que sabia mês sim mês não, decidiram que eu seria motorista e cozinheiro, a Ale cuidaria dos primeiros socorros, Vini seria co-piloto como o Gustavo, Ronaldão seria responsável pela mecânica juntamente com o Delon que por sua vez acumulava também a função de motorista. Outras reuniões foram acontecendo e em uma delas convidamos o oitavo passageiro, Paulo Führ (pai do Gustavo). A partir desse momento as reuniões foram na casa do Gustavo, regadas a cerveja e normalmente com um churrasco, uma das especialidades do Paulo.
Agora cada vez mais perto da data de partida, a cada mês que passava ansiedade aumentava. E o tempo para comprar a Kombitambém, sim comprar a Kombi, até dois meses antes da partida não tínhamos um dos mais importantes elementos da viagem, a Kombi.Esse motivo era o que mais nos dava medo, até o dia que Delon finalmente compra a Kombi, faz uns escambos com a sua Ipanema, põe mais uma grana daqui, parcela dali, financia delá e compra a Kombi, ano 97 modelo 98, branca, novíssima, perfeita. Exatos três dias após a compra da Kombi, dois meses antes da partida, o Delon em busca de uma máquina fotográfica para registrar a belezura de veículo, vai até a casa de Ruan, estaciona num morro, puxa o freio de mão e sai do carro para buscar a máquina. Quando volta para tirar a foto... cadê a Kombi? Primeiro pensamento, roubaram! Mas analisando o local viu que algumas pessoas que estavam mais abaixo na rua olhavam para algo lá embaixo. Ao chegar mais perto da ribanceira viu a Kombi com as quatro rodas para cima. Que alívio! Pensou ele pois pelo menos não tinham roubado.
O que aconteceu foi simples, depois de puxar o freio de mão com o carro ainda ligado o motor conserva por um tempo o freio natural do carro, depois que descomprime a bomba de ar é a hora do freio mecânico entrar em ação, o que não aconteceu. Sem freios a Kombi começou a descer a rua de ré até que encontrou o fim e foi morro abaixo ficando com as quatro rodas para cima.
Depois de rebocar o carro para casa, bateu a tristeza e para aproveitar a primeira foto da Kombi.
Reunião de emergência foi divulgada aos quatro cantos. Agora cabia a nós decidir o que fazer, arrumar e gastar uma grana não prevista no orçamento geral? Ou mandar tudo a merda e não fazer mais a viagem? Decidimos, munidos de nossa grande vontade de fazer esta viagem, que iríamos arrumar a Kombi custe o que custasse, mas em suaves prestações mensais. A partir daqui mais alguns problemas surgiram em ordem. O atraso para levar a Kombi no chapeador, o problema com pagamentos e a liberação do carro, e tudo isso acontecendo a um mês da data de partida. Estávamos com previsão de sair um dia após a conclusão do vestibular da UFRGS, o que não aconteceu por causa dos documentos do carro. Algo estava acontecendo, o Delon ia e voltava de Porto Alegre, quase chegamos a enviar papéis para o Rio de Janeiro. Nada acontecia, ninguém avisava nada e os dias passando.
Fui para a praia numa tentativa de desviar o nervosismo, estava aproveitando minhas férias, quarta feira (18 de Janeiro) voltei para Canela e ao ligar para Gustavo soube que a Kombi estava arrumada e que na quinta o Delon ia fazer um churrasco em sua casa.
Chegando lá pela primeira vez vi a Kombi inteira, pois a primeira vez que a tinha visto estava destruída. Pedi as chaves para dar uma volta e me acostumar com ela. Deus do céu que horror dirigir o "Pingüim Alado". Voltando soube dos primeiros pertences que a Kombi e o grupo haviam ganhado do Tadi, uma grande pessoa. A Kombi ganhou um terço e nós uma bandeira do Rio Grande do Sul para colher assinaturas durante a viagem, um rolo de fita adesiva para consertos em geral, Hipoglós para as assaduras de ficar sentado, saquinhos plásticos para colher areia durante o trajeto, fumo e palha para fechar uns "criolão" para os fumantes.
Depois de todos terem dirigido a Kombi nessa noite, voltei para casa ainda aguardando o dia da partida. Não mencionei, mas a tempo dois integrantes haviam desistido de ir, Paulo (o oitavo passageiro) e Negron uma das pessoas com grandes contribuições para a viagem. Os dias se passavam e nada, no sábado (21 de Janeiro) não agüentei e liguei para o Gustavo para saber o que estava acontecendo. Ao que ele me responde que iríamos sair no domingo (22 de Janeiro) e que à noite ia ter um churrasco em sua casa para acertar os últimos detalhes. Chegando lá festa e mais festa, entre cinco participantes, pois o Vini e o Ronaldo não compareceram. Eu não me perdi na contagem não se é isso que está pensando, como assim cinco se houve desistência no meio do caminho? O Paulo voltou para o grupo para a alegria de todos. No churrasco estava o Delon, a Ale, o Paulo, eu e o Gustavo, que estava "mais faceiro que pinto no lixo" por ter passado na UFRGS. De decisões importantes frisamos que o motorista não podia beber e que a hora de partida seria as dez horas de Domingo.

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